A demissão sem justa causa é uma das modalidades mais comuns de desligamento de colaboradores nas empresas brasileiras. Esse tipo de rescisão acontece quando o empregador decide romper o vínculo empregatício sem a necessidade de apresentar um motivo grave, como seria no caso da demissão por justa causa. Neste artigo, vamos abordar tudo o que você precisa saber sobre a demissão sem justa causa, explicando os direitos, as obrigações, os benefícios devidos ao trabalhador e como lidar com essa situação de forma clara e eficaz.
O que é Demissão Sem Justa Causa?
A demissão sem justa causa ocorre quando o empregador opta por encerrar o contrato de trabalho de um funcionário sem precisar apresentar uma razão específica. Isso significa que a decisão de demitir o colaborador não está relacionada a falhas graves ou atos de má conduta, mas sim a uma estratégia ou necessidade interna da empresa.
Essa modalidade de demissão é protegida pela legislação trabalhista brasileira, que estabelece uma série de direitos e deveres tanto para o empregador quanto para o empregado. A empresa, ao optar pela demissão sem justa causa, tem a obrigação de seguir algumas normas, principalmente no que diz respeito ao pagamento de verbas rescisórias e cumprimento de prazos.
Direitos do Trabalhador na Demissão Sem Justa Causa
Quando ocorre a demissão sem justa causa, o trabalhador tem direito a uma série de benefícios garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esses direitos asseguram que o colaborador não fique desamparado após o rompimento do vínculo empregatício. Abaixo estão os principais direitos:
Aviso Prévio
O aviso prévio é um direito fundamental do trabalhador demitido sem justa causa. O empregador deve comunicar ao funcionário sua demissão com pelo menos 30 dias de antecedência. Caso o empregador opte por não cumprir o aviso prévio, deverá pagar ao funcionário o valor correspondente ao período. O aviso prévio pode ser:
- Aviso prévio trabalhado: O colaborador continua exercendo suas funções durante os 30 dias ou mais, conforme o tempo de serviço, com direito a redução de 2 horas diárias ou 7 dias a menos.
- Aviso prévio indenizado: Quando o empregador opta por desligar o colaborador imediatamente, pagando o valor correspondente ao aviso prévio.
1. Férias Proporcionais
O trabalhador também tem direito ao pagamento de férias proporcionais ao período trabalhado até o momento da demissão, acrescidas de 1/3 do valor, conforme determina a Constituição Federal.
2. 13º Salário Proporcional
O 13º salário proporcional também é um direito garantido na demissão sem justa causa. O cálculo é feito com base nos meses trabalhados no ano até o momento da demissão, sendo devido ao trabalhador o valor proporcional ao tempo de serviço.
3. Saldo de Salário
O saldo de salário corresponde aos dias trabalhados no mês da demissão. Se o trabalhador foi demitido no meio do mês, por exemplo, ele tem direito a receber o valor proporcional aos dias trabalhados até o término do contrato.
4. Multa de 40% do FGTS
Na demissão sem justa causa, o empregador é obrigado a pagar uma multa de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) acumulado durante o contrato de trabalho. Esse valor é destinado ao trabalhador como compensação pela perda do emprego sem justa causa.
5. Saque do FGTS
Além da multa de 40%, o trabalhador tem o direito de sacar o saldo do FGTS depositado na sua conta vinculada durante o tempo de serviço.
6. Seguro-Desemprego
O trabalhador demitido sem justa causa também pode ter direito ao seguro-desemprego, um benefício financeiro concedido pelo governo federal para auxiliar o profissional enquanto busca uma nova colocação no mercado de trabalho. Para ter acesso ao seguro-desemprego, o trabalhador deve ter cumprido os requisitos de tempo mínimo de trabalho, que varia conforme a quantidade de vezes que o benefício já foi solicitado.
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Como Calcular as Verbas Rescisórias
O cálculo das verbas rescisórias na demissão sem justa causa é fundamental para garantir que o trabalhador receba todos os valores devidos. O cálculo inclui as seguintes verbas:
- Saldo de salário: Proporcional aos dias trabalhados no mês da demissão.
- Férias vencidas e proporcionais: Se o colaborador já tiver direito a férias vencidas, elas devem ser pagas, assim como as férias proporcionais ao período trabalhado no ano.
- 13º salário proporcional: Corresponde ao número de meses trabalhados até a demissão.
- Multa de 40% do FGTS: Calculada sobre o saldo total do FGTS na conta vinculada.
Após calcular todas essas verbas, o trabalhador tem direito a receber o valor total em até 10 dias após a comunicação oficial da demissão.
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Prazos para Pagamento
Na demissão sem justa causa, a empresa tem 10 dias corridos para realizar o pagamento das verbas rescisórias, contados a partir do último dia de trabalho ou do término do aviso prévio. Se o empregador não cumprir esse prazo, poderá ser penalizado com o pagamento de uma multa equivalente ao salário mensal do trabalhador, conforme o artigo 477 da CLT.
O que Fazer em Caso de Atraso no Pagamento?
Caso a empresa não cumpra o prazo de 10 dias para o pagamento das verbas rescisórias, o trabalhador pode buscar assistência jurídica para garantir seus direitos. É recomendável procurar o Ministério do Trabalho ou entrar em contato com um advogado especializado em direito trabalhista para dar início a um processo judicial, se necessário.
Reintegração no Caso de Estabilidade
Existem situações em que a demissão sem justa causa é considerada ilegal por conta de alguma estabilidade adquirida pelo trabalhador. Os casos mais comuns de estabilidade no emprego são:
- Gestantes: Mulheres grávidas possuem estabilidade desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.
- Acidente de trabalho: Trabalhadores que sofrem acidentes de trabalho têm direito à estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho.
- Cipeiros: Membros da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) têm estabilidade enquanto ocupam o cargo e por um período após o fim do mandato.
Caso a empresa demita um funcionário com estabilidade, o colaborador tem o direito de solicitar a reintegração ao emprego ou uma indenização correspondente ao período de estabilidade não cumprido.
Como Lidar com a Demissão Sem Justa Causa?
Ser demitido sem justa causa pode ser um momento desafiador para qualquer profissional. No entanto, é importante manter a calma e tomar as providências necessárias para garantir que todos os direitos sejam respeitados. Veja algumas dicas:
1. Conferir os valores rescisórios: Certifique-se de que o cálculo das suas verbas rescisórias está correto. Se necessário, peça ajuda a um contador ou advogado trabalhista.
2. Solicitar o seguro-desemprego: Verifique se você tem direito ao seguro-desemprego e, caso positivo, dê entrada no benefício o quanto antes.
3. Organizar suas finanças: O momento de transição pode exigir um planejamento financeiro adequado até que você encontre um novo emprego.
Conclusão
A demissão sem justa causa é uma realidade no mercado de trabalho, mas é fundamental que tanto o empregador quanto o empregado cumpram suas obrigações para garantir um processo de desligamento justo e dentro das normas da CLT. Conhecer seus direitos e deveres é essencial para evitar conflitos e assegurar o recebimento de todas as verbas rescisórias devidas.
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